quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A importância de se chamar Maria Inês

Chove torrencialmente. Enquanto saltito de poça em poça, molhando as botas todas (enfim, já não são novas, estão a precisar de reforma, mas mesmo assim não convém andar com as botas encharcadas o dia inteiro) penso que estou atrasadíssima. A linha do Metro estava fechada e fez-me esperar um quarto de hora dentro do Metro apinhado de gente cuja disposição não estava nos melhores dias...mas enfim.
Corro um bocadinho para chegar mais depressa ao laboratório. Bonito! Primeiro dia de aulas no laboratório e não faço ideia onde ele é!...
Pouso a mala do portátil e procuro freneticamente o telemóvel. A mala parece não ter fim, mas finalmente lá acho aquele tijolozinho a que gosto de chamar telemóvel de -3.5G...
Mando uma mensagem, e voilá! As coordenadas exactas para o laboratório! Afinal, estava mesmo em frente a ele...
Já estão todos vestidos com a bata. Apresso-me a vestir a minha também enquanto a professora faz a chamada.
-Maria!
Levanto a cabeça. Maria não professora, por favor, chame-me Maria Inês.
Maria Inês. Duas palavras que fazem tanta diferença. A diferença entre ter a certeza que me estão a chamar a mim e não à minha mãe, ou a outra qualquer das minhas tias, que todas têm Maria por primeiro nome...
A aula corre veloz. Tempo para ir à secretaria.

-Queria saber das minhas equivalências. -Ai desculpe, sabe que isto está complicado, sabe como é. -Sei. Mas quero saber quando as vou receber. -Ah claro, claro vou já tratar do assunto. Vou já ver se a os papéis da Maria estão para serem assinados pelo Conselho Pedagógico. -Procure Maria Inês, é mais fácil. -Ah pois Maria Inês, sim sim.

Nada. Saio da faculdade, onde no exterior encontro o meu namorado.
-Olá Miguel.
-Amor...

Um abraço apertado. Silêncio. Porque há certas palavras que sabem muito melhor do que ouvir o nosso próprio nome.